A lenda de Lílian

 

III - Espelho, Espelho

Hogwarts era tudo o que Lílian imaginara no mundo - mas também era uma fonte de preocupações constante. Tendo sido criada no mundo trouxa, ela sinceramente não sabia como seriam suas aulas em território mágico. Se por um lado não teria a presença irritante de Petúnia e suas amigas, por outro não conhecia ninguém e estava sinceramente com medo.

Seus primeiros dias na escola, escolhida como aluna de Grifinória, foram mais difíceis do que ela tinha esperado que fossem. Não tinha muito idéia de como trabalhar com sua varinha, e nunca conseguia misturar a quantidade certa de ingredientes nas poções. No entanto, estava se mostrando uma prodigiosa aluna de Transfiguração.

 

- Você é a única que consegue entender o que a professora manda fazer, Lílian - comentou uma colega de turma, Ahme Patil.

- Não é tanto assim - Lílian escondeu o rosto com as mãos, cansada - Só gosto da matéria.

- Escuta, você precisa dar uma volta. Fica muito tempo aqui, isolada.

- Tenho medo de me perder.

- Qual é...Você sempre pode pedir ajuda para os fantasmas. Só tome cuidado com o Barão Sangrento...Eu conheço algo que poderia te animar.

- O quê?

- É um espelho...Não sei que diabo é aquilo, exatamente, mas parece com um espelho. Agora, o que ele tem de diferente é que...bom, você pode ver coisas estranhas nele.

- Como o quê?

- Não saberia te explicar...Cada pessoa vê uma coisa diferente. O Remo - conhece o Remo Lupin?

- Sim, já o vi antes, na aula de vôo.

- Então, ele vê a família dele. Inteirinha, dos pais aos bisavôs, uma penca de gente. Eu me vejo bem mais velha, com duas crianças. Acho o máximo. Vou lhe dizer aonde fica esse espelho, e você vai me contar o que você viu.

- É um desafio?

- Para ver se você anda por esse castelo um pouco!

 

Com as indicações de Ahme, Lílian teve o desafio pronto - encontrar o tal "espelho" e contar, depois, o que vira refletido naquilo. Patil tinha essa idéia de fazer da vinda uma grande gincana, e Lílian resolveu entrar no jogo. Enquanto todos os alunos seguiam para seus quartos depois do jantar, ela saiu para a direção contrária, para o terceiro andar de Hogwarts. Ali, em uma sala abandonada, estava um imponente espelho de moldura dourada.

Cada pessoa vê uma coisa diferente.

Lílian se colocou na frente do espelho. A princípio, viu apenas sua imagem refletida - uma garota de onze anos, cabelo vermelho caindo para todos os lados, olhos verdes muito grandes para seu rosto. Mas à medida que se aproximava, o que viu foi uma outra imagem.

Uma mulher mais velha, adulta, com o seu cabelo e seus olhos. Tinha uma criança em seus braços. E sorria, sorria muito. Lílian ficou admirada. Sabia que era ela ali, ela quando crescesse - o que ela sempre quis ser. Longe das amarras de Petúnia, longe do mundo trouxa que um dia tivera que enfrentar. E com uma criança no colo - sempre quisera, desde sempre, ter uma família.

Se aproximou mais, para ver o bebê no colo de sua imagem adulta. O reflexo parecia ter adivinhado aquele desejo, e mostrou o bebê para Lílian. Era um menino com uma farta cabeleira escuro, dormindo a sono solto. No entanto, Lílian franziu a testa - estava sozinha naquele espelho. Encarou o reflexo, como se perguntando se aquela Lílian estava sozinha.

A porta da sala bateu com força, e Lílian olhou para trás assustada. Era um garoto que tinha entrado. Os dois se encararam.

 

- Quem é você? - ela perguntou.

- Tiago Potter. E você?

- Lílian Evans.

- Grifinória?

- Isso.

- Como eu - Tiago se aproximou - Tudo bem?

- Você me assustou!

- Desculpa. Veio ver o Espelho de Ojesed?

- É esse o nome dele?

- Assim me disseram. O segredo mais público de Hogwarts.

 

Lílian riu. O garoto tinha mais ou menos sua idade, olhos escuros e cabelo espesso, preto como a noite. E óculos redondos pendurados no rosto. Lílian sorriu novamente, dizendo que iria voltar para o dormitório antes que a descobrissem ali. Tiago assentiu com a cabeça, e ela partiu.

Ao voltar o rosto para o espelho mais uma vez, Líilan viu duas figuras na imagem, não uma, como antes. Mas como estava correndo, não pôde ver quem era a companhia de seu reflexo.

Continua...

Volta à Balada

 


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