I - A profecia
- Elvis! Volta aqui com o meu sapato! Elvis!
Marian Godrichild saiu correndo atrás de seu cachorro, Elvis, que roubara um sapato para roer - junto o que ela pretendia vestir naquele dia. Ela estava morando há cerca de três semanas em sua nova casa na Inglaterra, ao lado de seu primo, o famoso Harry Potter. Ele ainda não estava acostumado com a liberdade de uma casa de mágicos, mas estava entrando no ritmo. Ele tinha sido criado por trouxas - os tios dele e de Marian - que odiavam magia e magos. Agora, como ele conseguiria se acostumar a uma casa movida a varinhas mágicas, com gnomos correndo no quintal e um um cachorro que mais parecia uma mistura de pônei com escovão?
Uma coisa precisava ser dita. Ele estava adorando a nova vida. Podia fazer a lição de casa livre de vigilância, e tinha um quarto só para ele, bem iluminado e com lugar de honra para a sua vassoura. E, o melhor de tudo - ter Ron como vizinho era de longe o mais divertido. Eles treinavam Quadribol, faziam as lições de casa juntos. A sra. Weasley achava Marian uma "moça muito boa e muito inteligente", com quem ela adorava conversar.
- Marian!
- Que foi, Harry?
- Chegou uma coruja para você!
Marian esqueceu o sapato, Elvis e todo o resto. Há pelo menos um mês ela tinha enviado uma coruja para seus pais, no Brasil, sobre como ela tinha derrotado um dragão e recolhido Harry, finalmente. O dragão, montado por um tal de Lúcio Malfoy, foi um jeito de Voldemort atacar a escola sem ser visto. Não dera certo, e tudo por causa de Marian.
Quando ela entrou na cozinha, Gaia, sua coruja, esperava em cima da janela com um pergaminho amarrado na perna. Marian desamarrou a entrega e pediu para que Harry colocasse a coruja na gaiola. Sentou-se à mesa e abriu, dedos trêmulos, a carta.
Querida Marian,
Muito nos surpreende sua vitória sobre Lúcio Malfoy. Ele era um dos piores tipos com o qual já trombei em Hogwarts. Cuidado com ele, está bem? Eu estou orgulhoso de você, por você ter se mostrado o que você é. Só uma Godrichild de verdade teria derrubado um dragão na primeira tentativa. O desespero nos faz fortes, Marian, mas você sempre foi forte.
"Grande pretensioso", Marian resmungou.
Gostaríamos de poder ir até a Inglaterra para ver Harry - ele deve estar um meninão agora! - mas não podemos sair. O Gringotes está me prendendo em São Paulo. Enfim, tentaremos chegar aí para o aniversário dele. Senão, para o seu aniversário mesmo.
- Quando é seu aniversário? - Harry perguntou.
- Sete de novembro. - Marian respondeu.
Fico contente que você tenha comprado uma casa em Ottery St. Catchpole. Os Weasleys foram meus colegas de escola e sou muito grato a eles por muitas coisas em minha vida. Mande minhas lembranças para eles, por favor. E também, quando você estiver com Dumbledore, mande meus cumprimentos.
A carta continuou por mais dois
rolos de pergaminhos, contando como as coisas estavam no Brasil, e desejando
várias vezes tudo de bom para Harry e para os Weasley - e enchendo Marian de
conselhos.
- Parece que depois que eles lembraram que eu existo, eles estão querendo tirar o atraso dos conselhos - Marian resmungou, depois que terminou de ler a carta.
- Não fique assim, Marian. Pelo menos você ainda tem pais...
- Se vamos começar a fazer campeonato de desgraças, é melhor parar a conversa por aí.
- Desculpe.
- Escuta, ô Harry, vamos levar o Elvis para dar uma volta. Se ele engolir mais um chinelo meu, eu vou acabar sem sapatos.
Harry se levantou e foi buscar o cachorro. Marian começou a ajeitar a sala, colocando a carta recém-chegada em cima da mesa. Depois que Harry apareceu com Elvis preso na coleira, os dois começaram a andar na direção da casa dos Weasleys. Os dois conversavam sobre o próximo ano em Hogwarts, em como estaria Hermione e Dumbledore. Os Malfoys não entravam na conversa, por mais que Marian e Arthur Weasley soubessem que Lúcio Malfoy estava para ser julgado por seu ataque.
Marian e Harry dividiam um destino em comum. A família dos dois havia sido destroçada por causa de Voldemort. Harry Potter, o menino que sobreviveu. Marian Godrichild, chamada pelo Profeta Diário de "a dama do dragão". Os dois não queriam saber do sucesso ou das responsabilidades, ou de Voldemort. Naquele verão, o que eles queriam era um pouco de paz. E a paz estava justamente na casa dos Weasley, a família de bruxos que morava ao lado. Harry e Ron eram grandes amigos, colegas em Hogwarts. E Marian estava ficando amiga do irmão mais velho de Ron, o famoso Carlinhos Weasley. Os dois sempre tinham muito o que conversar, quase sempre sobre dragões.
- Olha quem vem vindo!
- Oi, Harry! Oi, Marian!
- Oi, Fred, oi Jorge. - Marian sorriu.
- Deixa que a gente cuida do Elvis!
- Tá certo. - Marian passou a correia para Jorge - Nada de usar meu cão para testes, ou vocês vão se ver comigo!
Os dois sorriram, e foram levando Elvis. Harry correu para ver Ron, e Marian foi conversar com a senhora Weasley na cozinha.
- O Sr. Weasley, onde está?
- Trabalhando, querida. Sabe, o julgamento do Sr. Malfoy está tomando o tempo de todos no Ministério.
- Ah, eu gostaria de não pensar nisso. Só de lembrar...brr...o meu sangue congela.
- Mas você foi bem corajosa!
- Eu sou uma Godrichild. Está no sangue.
- Sabe, Marian... - a senhora Weasley parou de repente, medindo as palavras. - O Carlos gosta muito de você.
- Car...ah, o Carlinhos! - Marian respondeu, vermelha. - Descuple, mas é que eu estou acostumada com as pessoas chamando-o pelo apelido.
Mas Marian não respondera o que a sra. Weasley queria. Realmente, Carlinhos Weasley gostava dela. Só um cego não perceberia. Mas ela, gostava dele? Tinha dúvidas. Nunca tivera um namorado sério em sua vida, dedicada aos estudos. Bom, Carlinhos Weasley era muito bonito, e ela gostava de ruivos.Mas namorar com ele seria ter que conviver com alguém que morava na Romênia onze meses por ano, e que vivia com queimaduras e feridas dos mais variados tipos.
- Quanto ao fato do Carlinhos gostar de mim... - ela respondeu, os olhos no chão - O tempo pode dizer, não pode? Eu também gosto dele, mas nos conhecemos há pouco tempo...
A sra. Weasley apenas sorriu. Marian se sentou à mesa da cozinha e se pôs a pensar. Carlinhos...sem dúvida todos na casa dos Weasley ficariam contentíssimos se eles começassem a namorar. Mas ela não sabia se gostava dele o suficiente.
Era noite fechada, Marian escrevia para os pais quando escutou uma voz atrás dela. Por um momentou, achou que era Harry. Mas não era. Harry dormia a sono solto em seu quarto. Marian respirou fundo. Estava ficando acostumada com vozes. Primeiro sua tia, mãe de Harry, e depois seu avô, Thomas Godrichild. Eles vinham do passado para ajudá-la quando ela precisava. Ela sabiao que fazer, agora que já tinha encontrado vários fantasmas. Ela se colocou de pé.
- Eu estou aqui. - ela disse para o vazio. - Quem é você?
A voz pareceu suspirar, e depois começou a falar outra vez.
- Vim anunciar teu destino.
- Estou pronta. Me diga.
A voz deu uma risada alegre e pôs-se a recitar:
"sob
as cinzas de um lorde, dragão e lírio se uniram outra vez,
e antes de tocar o solo de hogwarts, uma escolha deve ser feita por você...
um homem guarda tua alma em poder dele, resta saber - quem será?
Pois tua escolha define quem você é e o que lhe acontecerá...
quem é igual a você te coroa com honra e glória...
quem é teu oposto oferece coragem , fiel até a última hora...
e da sua união não haverá destino que não se cumpra,
nem herdeiro que não honre teu nome e não te ame!
seu destino a espera, só
você pode decidir
quando o sol raiar no solstício, você saberá para onde seguir!"
E a voz parou de falar. Marian olhou sem saber o que dizer.
- Uma charada? - ela sorriu, embaraçada. Colocou o que lembrava no papel, para não se esquecer. E ainda confusa, sem saber o que dizer e o que pensar desse encontro sobrenatural, foi dormir. Quando o sol raiar no solstício...o pico do verão? Mas aquilo, nesse ano pelo menos, caía no aniversário de Harry - no 31 de Julho. E aquilo estava tão perto!
E da sua união não haverá herdeiro que não honre seu nome...o que queria dizer aquilo?