Prelúdio para um encontro

(uma pequena fic romântica)

 

- Até dá a impressão de que você é popular, Tiago!

 

As risadas de Remo e Sirius eram bem típicas, mas Tiago Potter não se importava. Eram seus amigos, e ele não se importava com as brincadeiras - até porque, se ficasse bravo com cada intervenção dos dois, iria passar boa parte do dia furioso.

Só que daquela vez ele não gostou da brincadeira, e não respondeu. Nenhum gracejo, nenhum corte súbito (sua especialidade). Nada. Nem mesmo um muxoxo ou uma interjeição. O famoso apanhador de Grifinória mantinha um silêncio tão respeitoso e tão, tão estranho, que os amigos não sabiam mais o que fazer com ele.

 

- Madame Norra comeu sua língua, Tiago? - Remo perguntou.

- Não.

- Então que é que você tem que não responde?

 

Ele não sabia. Estava abatido há um tempo, sem vontade de fazer nada. Sirius percebeu e apontou para um grupo de garotas conversando na outra ponta da sala comunal de Grifinória. Entre elas uma pálida moça de cabelos ruivos e olhos verdes.

 

- Olha ali o problema do seu amigo, Remo.

- Lílian Evans?

- Quem mais poderia ser?

- Dá para vocês dois ficarem quietos!? - Tiago rosnou.

- Pronto! Pelo menos ele falou alguma coisa.

- Já não era sem tempo...

 

E os dois começaram a rir, enquanto Tiago voltava a suspirar. Como se tivesse ouvido alguma coisa, Lílian Evans voltou-se para trás, para onde os três amigos estavam sentados. E acenou. Tiago, muito tímido, acenou de volta, vermelho como o estandarte de sua casa. Sirius tentou não rir de novo.

 

- Não acredito. Não acredito! Você, o sujeito mais cara-de-pau que Hogwarts já viu, tímido que nem o Frank Longbottom por causa de uma garota.

- E ainda por cima a garota sendo a Lílian Evans! - Remo completou - Tem dó, Tiago.

- Os dois marmanjos tem alguma idéia? - Tiago voltou a rosnar.

- Ora, se não temos...Temos, né, Remo?

- É, temos. Um encontro!

- É isso aí. Um encontro às escuras.

- É isso mesmo!

- Ai, por Merlin - Tiago afundou na cadeira - Cada coisa que vocês inventam...

- Ora, vamos, Potter. Você já enfrentou o ensebado do Snape...Quer coisa pior que isso? Um encontro romântico vai ser fichinha...

- É isso mesmo. Vamos ver se ela topa...

- Vocês vão levar isso a sério mesmo, não?

- Claro que vamos! - Sirius disse - Escuta, cara, somos seus amigos. É para isso que os amigos servem... Vambora, senhor Lupin, vamos ver o que a gente consegue.

- Então vamos, senhor Black.

 

E saíram os dois até o grupo de garotas. Tiago afundou mais um pouco na cadeira, querendo esganar Remo e Sirius - e ao mesmo tempo querendo agradecer pela boa idéia. Não conseguia falar com Lílian sem ter uma estúpida crise de gagueira, coisa que nunca lhe acontecia em situação nenhuma. Ela tinha esse estranho poder de enrolar seus pensamentos e confundir suas ações por completo.

O que sabia sobre Lílian? Que era filha de bruxos radicados entre os trouxas, que gostava das aulas de Transfiguração e era monitora. Sabia também que haviam vários corações despedaçados por causa dela - entre eles o coração do chatíssimo Lúcio Malfoy, da Sonserina, que tinha oferecido o mundo para ela em troca de um beijo, e ganhou uma urtiga venenosa na cara como resultado. Tinha medo de se aproximar dela com medo que o próximo a ir parar na Ala Hospitalar por causa dela fosse ele, Potter.

Mas não sabia o que doía mais - se era a perspectiva de um tapa ou aquela dor estúpida que sentia, querendo se aproximar e não conseguindo.

Remo e Sirius voltaram para o canto onde Tiago estava sentado, rindo de novo.

 

- Você nos deve essa, Potter.

- Vai ter que nos convidar para o casório.

- Lílian topou.

- Amanhã na torre de Astronomia, depois do jantar. Flores e bombons por sua conta!

- Que troço estranho é isso, agora? - riu-se Sirius.

- Você fala das flores?

- É! Para que isso?

- Isso é um costume trouxa - explicou Remo - Meu irmão, que estuda essas coisas, é que estava me contando outro dia... Quando um trouxa está apaixonado, oferece flores e chocolates como presente pra a moça. E já que a Lílian tem pais trouxas, por que não?

- É, é uma boa. Mas bombons são tão sem graça. Será que sapos de chocolate são considerados românticos?

- E eu que sei? Nunca dei chocolates para nenhuma garota!

- OK, OK, eu já entendi! - Tiago ergueu as mãos - Agradeço pela força.

- Como eu disse, meu velho, você vai ter que nos convidar para o casamento!

 

E rindo, eles saíram para o corredor, Sirius e Remo começando a falar sobre quadribol e outras coisas do gênero. Tiago olhou para trás e viu Lílian novamente, e ela sorriu para ele abertamente, como nunca fizera antes.

 

- Vai por mim, velho. Vocês dois ainda casam.

- Primeiro eu tenho que me encontrar com ela. Depois a gente acerta o casamento!

 

E Tiago seguiu os amigos pelo corredor.

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Uso mediante permissão da artista.

Para Luís Mauro, com amor.