A Lenda de Lílian

VIII - Amor omnia vencit

Lílian olhou para cima. Era Dezembro e o céu estava cinza como o chumbo, feio e gelado. Era a hora dela voltar para casa.

Passaram-se três meses desde que seu pai tinha morrido. Era incrível como o tempo ia devagar. Parecia que tudo tinha acontecido ainda há alguns instantes atrás - a morte dele, seu funeral, Tiago sempre por perto, Petúnia sempre longe. Mandara flores para o funeral, e isso era tudo. Nem se dignara a aparecer. Sua mãe chorara amargamente a falta dela. Como se ela soubesse, o tempo todo, que Petúnia tinha uma parcela da culpa.

- E o que vai ser agora, Lílian? - uma voz perguntou, logo atrás dela.

Era Dumbledore, e ele sorria. Lílian deu de ombros.

- Mamãe está me esperando em casa para as festas. Não vai ter nada, mas...Ela está me esperando.
- E depois?
- Depois eu volto para cá. Não estou entendendo o que o senhor quer saber?
- Você nunca se perguntou por que é tão odiada pela Petúnia?
- Porque eu sou bruxa e ela não?
- Também. Mas não é só isso.

Os dois caminharam lado a lado pelo pátio silencioso.

- Na verdade, todas as pessoas têm um destino a cumprir. Essa é nossa vida na Terra. E você tem, como todos, esse destino para seguir. Só que ele vai ser grandioso - surpreendente até. As pessoas que sabem ver o futuro previram isso a seus pais. Por isso Petúnia tem ódio de você. Porque você não é somente uma bruxa - você vai ser importante no nosso mundo.
- E quando isso vai ser?
- Quando tiver de ser.Agora, você vai voltar para Londres. E vai encontrar sua irmã lá. Não se assuste, não se surpreenda - e não brigue com ela. Você entenderá o que está acontecendo a seu redor quando puder entender a dor de Petúnia.

Lílian assentiu com a cabeça. Não se esforçava para compreender a charada proposta por Dumbledore, mas ao mesmo tempo não queria refuta-la ou encher o professor de perguntas. O que tivesse que ser, seria, mesmo contra a vontade dela.

Tiago observou Lílian indo embora para o Natal. Naquele ano, ele ficaria sozinho em Hogwarts, pois seu pai e sua madrasta estavam viajando e não puderam leva-lo.

Doía vê-la tão triste. Era horrível pensar que ela estaria em uma casa vazia, sem ninguém por perto, só com as tristezas e as amarguras de um lar em luto. Mas ele não sabia exatamente o que fazer para ajudar.

Lembrou-se de uma frase que sua mãe mandara gravar em um relógio que dera a seu pai, no aniversário de casamento deles. Amor Omnia Vencit, o amor supera tudo. Tiago se achava muito jovem para entender de amor, mas sabia que só existia um sentimento capaz de descrever o que ele sentia por Lílian - e se não era amor, o que poderia ser então?

- Ela vai voltar - ele disse, em voz alta - E quando ela voltar, eu vou saber o que dizer.

Mais a qualquer momento.

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